O plano deste estágio era visitar diversos locais de voo com características distintas e com condições de voo diversas, por forma a treinar mentalmente os participantes e a melhorar a capacidade de análise em ambientes diferentes.
Com alguma ajuda da parte da
meteorologia e uma boa análise das previsões conseguimos realizar tudo o que
estava previsto e voar 9 dias em 9 dias possíveis.
As condições estavam boas e, após o habitual
voo da manhã para tirar o stress, andámos a passear no vale entre Barco de
Ávila e Villatoro. O tecto estava nos 2700 metros e as térmicas bem
consistentes. Ainda se colocou a
hipóteses de seguir até Ávila mas com o vento com uma componente meio leste a viagem
seria muito difícil. O final do dia com bastante vento fez-nos esperar mas
brindou-nos com uma restituição 5 estrelas.
No segundo dia só fizemos o voo
da manhã porque seguimos para os Pirinéus. Deu para subir na encosta e no vale
(com direito a alguns top-landings para treinar) e depois seguimos viagem. As
condições prometiam um voo de distância nesse dia. Resta dizer que durante a
noite tivemos direito a um concerto que durou até às 5h da madrugada (tanto na
1ª como na 2ª noite) e andávamos todos a dormir em pé!
Organya
Como habitualmente Organya não nos desiludiu.
Fomos experimentar uma nova
descolagem com 700 metros de desnível tendo como guia os instrutores da escola
local. Excelente descolagem e aterragem com possibilidade de transição para a
descolagem habitual.
No voo da tarde já na descolagem habitual tivemos condições fáceis, com térmicas largas e suaves. Todos a subirem à borla e a poderem fazer piscinas de ida ao volta ao vale. O Hugo tentou umas 20 vezes ir até a uma capela que tem uma transição difícil e à 21ª lá conseguiu…ao passar para a crista em frente apanhou um “canhão” em que subiu num baloiço até à nuvem… Para terminar o dia a brisa marítima decidiu entrar com força pelo fundo do vale (fenómeno raro neste local) e aterrámos todos de acelerador a fundo e orelhas com alguns a andar para trás. Boa experiência de treino.
No segundo dia em Organya o tecto esteve quase nos 3000 e deu para andar a passear por todo o vale e pelas cristas com boas transições e térmicas largas e suaves. Melhor impossível.
Todo o show habitual dos
acrobatas deu para ver em voo todas as manobras feitas pelos melhores na nossa
modalidade e ainda ver dois reservas numas manobras que correram mal…
Castejon de Sos
O local de voo com maior desnível do nosso tour…1400 metros!
O primeiro voo correu melhor do que o planeado. Térmica consistente logo às 11h. Andámos a passear pelas cristas desde Benasque até ao vale à esquerda da descolagem de Liri. Na aterragem tivemos direito a indicações do nosso controlador aéreo de serviço (Gaudêncio) que chegou a confundir alguns pilotos que temeram ter mudado de frequência e terem entrado na aproximação do aeroporto de Barcelona!!
As condições meteorológicas
foram-se deteriorando com cumulonimbus a preencherem o vale e o segundo voo só
permitiu andar pelo meio do vale (onde se subia demasiado à borla…) de forma a
mantermos uma distância de segurança. O tipo de condições exigiu uma atenção
redobrada dos instrutores ao evoluir das condições e permitiu aos pilotos
treinarem manobras de descida rápida que aplicadas na altura certa demonstraram
que os objectivos elevados exigidos aos participantes estavam a ser alcançados.
O segundo dia foi de apenas um voo dado que os CB´s ameaçavam...deu para o convívio e uma bela almoçarada!
O segundo dia foi de apenas um voo dado que os CB´s ameaçavam...deu para o convívio e uma bela almoçarada!
Ager
Com uma parede de voo fantástica
e umas aterragens excelentes o local de voo não decepcionou ninguém.
O Open Nórdico serviu para facilitar a vida aos nossos pilotos e dificultar a vida aos instrutores! As térmicas estavam marcadas pela presença de mais de 100 pilotos e por isso ninguém marrecou. A previsão do dia era de formações verticais e por isso a manga abriu cedo. Todos os nossos pilotos andaram a enrolar no meio da molhada chegando a mais de 90 pilotos numa térmica (a juntar a um tecto baixo que existia nesse dia). Quando já todos iam a fazer a prova, após a primeira baliza, a manga foi cancelada devido à aproximação de um CB, e foi bonito de ver cerca de 120 pilotos de orelhas e a fazer espiral ao mesmo tempo. Todos aterraram bem para um belo almoço… Com más previsões para o dia seguinte rumámos a Pedro Bernardo para maximizar os dias de voo (decisão que se revelou muito correcta).
Pedro Bernardo
Para terminar o estágio tivemos direito a dois dias de condições muito diferentes. No primeiro dia tivemos condições exigentes com térmicas fracas e muito junto à encosta. Notou-se a facilidade com que os pilotos conseguiram subir em condições exigentes (fruto do trabalho que vinham a realizar ao longo do estágio). O Teotónio mostrou como se fazia e todos os outros o seguiram… O tecto baixo não permitiu voos de distância mas permitiu um bom treino de enrolar com direito a voo de sobrevivência e grandes recuperações de alguns.
No segundo dia as condições eram excelentes para o voo de distância. O Carlos Lopes e o Vitor abriram as hostilidades e todos seguiram para o ar. Com algum vento e um tecto na casa dos 3000 metros as condições permitiam fazer grandes distâncias. O grupo saiu todo sensivelmente ao mesmo tempo impulsionado pela saída estratégica (previamente combinada) dos instrutores. Com as habituais dificuldades do voo em distância tivemos quase todos os participantes a fazerem um bom voo. O Carlos fez o melhor voo com cerca de 80 km (podia ter feito uma marca bem maior não fosse o cansaço de quase 5 horas e 9 dias a voar e o facto de a distância estar a ser feita no sentido contrário ao de casa…), o Hugo 50km e os restantes pelo caminho com várias distâncias. De realçar o Teotónio que fez o seu primeiro voo de distância. Foi a cereja em cima do bolo.
Os objectivos do estágio foram largamente ultrapassados dado que voámos em condições diferentes, experimentámos 10 descolagens diferentes e fizemos todo o tipo de voo que o nosso desporto enfrenta. O nível de pilotagem evoluiu imenso e os bons momentos vividos serão certamente recordados. A descrição tem obrigatoriamente de ser curta e as referências aos pilotos pontuais sendo que todos voaram melhor nuns dias que noutros como é normal no nosso desporto…